Hiato* ou idade das trevas. Houve um período vazio aqui
no blog e isso me incomodou, mas coube reflexão. Nesse momento há uma
estagnação na proposta inicial que era produzir coisas que estimulasse o
pensamento, a reflexão e um possível desenvolvimento intelectual.
Não gosto de forçar nada, pois acredito no fluir das
coisas e a esse momento posso considerar dois pontos de vista: um hiato, uma
pausa e descanso de algo que quer tomar fôlego para depois eclodir. Ou simplesmente,
as “trevas” das ideias, um período morto, sem produtividade, pensamento,
reflexão, evolução...a Idade Média propriamente dita.
A contemporaneidade assusta com a falta de criatividade artística
e cultural. Com a paralisia no pensamento coletivo e produtividade. Parece que
há uma conspiração universal para não fluir, pelo menos aos olhos nus.
Mas acredito num hiato*. Por que, mesmo na Idade Média ou período
Feudal, criavam e produziam-se coisas, nem que fossem as escondidas dos grandes
olhos dentro das tabernas. Aliás, a marginalidade é muito complexa para uma
analise histórico-social. O que seria a margem? O que define a marginalidade
das coisas e do pensamento? Qual o limite da universalidade para caracterizar o
marginal? Quem está dentro e quem está fora? O que é válido?
Por isso uso um trecho da música do Cazuza: “há um incêndio
sob a chuva rala”.
E é essa chama. Esse elemento químico que intui e insiste
em olhar essa névoa.
Persistindo, mesmo que no vazio cinza da estagnação, e pressentindo
o éter que impulsiona a criação, a fecundação e parto das ideias.
Poucos entram aqui no blog, mas agente se atreve a
produzir nem que seja para nós mesmo, acreditando que nossa energia interaja e
capte outras ressonâncias, e ao bifurcar as energias alheias resulte, através
da percepção, um instante bom. Para que a força que nos bloqueia se anule diante
da natureza e da força do éter.
E que pelo menos o que chamamos de tempo humano
encurte mais na passagem da névoa cinzenta do que dos momentos de ócio e
criatividade artística, filosófica e cultural.
*uso a definição de hiato como alguma coisa que está ligando /
separando duas partes.
Elivaldo Melo
mesmo embaralhando, às vezes,o subjetivo e o coletivo,ou, quem sabe, exatamente por isso,achei o texto realmente sicero.tem aquele algo viceral que por si só já o legitimaria. esse algo que denota a condição mesma do autor ao cria-lo:simplesmeente não poderia deixar de fazê-lo.por isso: viceral.
ResponderExcluirAlém,é claro,das imperiosas reflexões que nos impõe sobre a contemporaniedade, e tudo tão pleno de gosto de poesia. falando em poesia: você gosta de poesia?
à margem
poema que é meio meu
à margem
mas eu