Uma dor insuportável, um remédio alucinógeno, um dia
nublado, uma cidade mística.
Uma combinação nada agradável para enxergar a catarse.
Um poeta pergunta-me:
- Por favor, gosta de poesia?
- mas ou menos, lhe respondo;
- escolha uma página. Esse é o meu trabalho.
Escolhi a página e veio a poesia: Colar
Ele recitou:
COLAR
O colar é uma canção
que faço
Quando atravesso pérolas
Com um cordão que tenho
O cordão
É um dom
Que permita
Sem censura
O cordão
É uma entrega
Infinita
De amor e de amargura
A pérola é esta perda
De juízo
Que o cordão transporta.
- São dois livros, eu produzo e vendo-os assim.
- vou levar os dois.
- Que bom que apreciou.
Confesso que a principio o que me impressionou não foi sua
poesia, mas sua coragem, sua força de produzir, de resistir a uma corrente
humana de era das trevas, de um entrave, manipulação, estagnação, desestímulo,
ou seja a não-poesia da vida.
E ele tava ali com uma coragem como está em um dos títulos
de seu livro:
Ao vento que nunca teve vergonha.
Ele me pergunta novamente:
- Posso lhe recitar outra?
- Claro.
Folheou o seu livro e recitou.
Folheou o seu livro e recitou.
NESGUINHA
Não era meio dia ainda
E aquela avenida já nas sombras.
Algumas avenidas do centro
Nervoso são mesmo
assim
Com dias sombreados e noites ofuscantes.
Nelas o néon é mais intenso que o Sol
E sol mesmo só acima do sexto andar.
Uma nesguinha de sol, quase nada,
Iluminou o menino
Sentado do outro lado da calçada.
O menino e uma velha colcha por baixo em meio
Ao vaivém automático dos transeuntes espremidos pelos autos
Iluminados pelo filete de luz
Que vazou por entre o moderno
Banco japonês e o casarão antigo, hoje, imobiliária.
Que cena.
Pena o menino não ser o fotógrafo nem diretor de cinema.
Para todos foi só coadjuvante, para mim, o astro da
nesguinha.
E para ele, ele mesmo.
Eu falei:
- Eu tenho um blog, você me autoriza divulgar seu trabalho?
- Claro.
- Posso tirar uma foto sua com seu livro?
- Sim, muito obrigado por divulgar meu trabalho, vou acessar
e vê depois.
Tiramos a foto.
Ele depois me fala:
- hoje é um dia diferente, tanta gente passando e não dando
atenção e você além de comprar ainda quer divulgar. Isso é troca de energia.
Eu agradeci e concordei. Prometi divulgar seu trabalho e
está aqui. Que a energia gerada naquele momento inspire outras pessoas a
produzirem todas as formas de poesias e que não tenham vergonha de expô-las.
POR DETRÁS DA ÍRIS
Que fino fio separa
A lógica da loucura?
A cara sensata do sol
Do ventre envolvente da noite?
Que diferença há
Entre a solidão de antes do amor
E a dor após o fim do benfeitor?
Quando a supernova no céu se extingui
E nos parece sempre que foi cedo demais?
Afinal, o que há por detrás da íris?
Qual mundo lá existe?
Vai-se feliz?
Segue-se triste?
Não perguntes nada disso a quem passar amando.
Este, nunca te escutará.
Encerro com sua foto e a frase final do poema Por detrás
da íris:
NÃO PERGUNTES NADA DISSO A QUEM PASSAR AMANDO, ESTE, NUNCA
TE ESCUTARÁ.
contato com o Poeta para adquerir seus livros:Email:seludi@hotmail.com
tel: (13) 3425-5734 Itanhaém SP
Sérgio Luiz Dias