
UMA PARTIDA DE FUTEBOL
Estive em um jogo de futebol do campeonato Brasileiro da série A no dia 08 de agosto de 2009 no estádio do Santos Futebol Clube, sim, o time do atleta do século Pelé. Aliás, o time que é um dos mais conhecidos do mundo, ou será o Pelé quem o fez mais conhecido? Em fim, foi a primeira vez que levei meu filho, ora, com quatro anos e seis meses de vida. Pai presente que sou, fomos uniformizados a Vila mais famosa do mundo, assistir a partida entre o Avai de Florianópolis e o Santos (placar 2 x 2). Confesso que minha expectativa não era de ver meu filho vibrando com o jogo, torcendo sem parar, e tudo mais. Mais sim de vê-lo correr pelas arquibancadas, até porque, eu mesmo fiz isso quando fui à primeira vez ao estádio da Vila Belmiro com meu irmão mais velho.
Bingo! dito e feito, bola rolando e lá estava o Luiz a prestar atenção em tudo, menos no jogo. As luzes, o verde do gramado, o goleiro (estávamos atrás do gol ) os gritos da torcida, as cores e coreografias, refrões entoados na geral e tudo o mais que encanta e mexe com o sentimento do torcedor. Passei a observar meu filho e enxergar outros pontos deste universo mágico do mundo imaginário do subconsciente dos torcedores, dentro do que podemos admitir ser real e irreal.
Dado momento, meu filho debruçado no alambrado, inquieto, me pergunta:
- Pai vamos ao campo?
- Imagina!
Ele simplesmente queria brincar no campo; ir até lá e fazer parte do jogo! Claro que falei que não poderíamos, pois era assim que funcionava, você apenas assiste ao jogo sem participar e ponto.
Aliás, jogar bola é um momento muito singular na vida de um simples mortal, agente trabalha a semana toda e quando chega o sábado corre para “bater uma pelada” com os amigos. Coisa difícil, o que é lazer para nós é “trabalho” para os profissionais da bola, realmente é uma profissão maravilhosa.
Bem, voltemos ao palco das emoções. Comecei a observar os interesses do meu filho e reparei que a única pessoa dentre os dez mil torcedores daquele sábado à noite, ele era o único que não estava em transe.
Vejamos o cenário: um estádio de futebol, onde pessoas se acomodam para assistir uma partida. Como o jogo é imprevisível e que aquilo tudo na verdade não existe, pelo simples fato de que o futebol não é real, pois faz parte do imaginário das pessoas, a euforia que toma conta é protagonizada pela Serotonina liberada no cérebro causando sensações de êxtase que culminam em uma grande explosão! Gooool!!!
Como pode ser controlado o tempo de uma partida de futebol em quarenta e cinco minutos? O tempo passa e pronto, pois ele é real e tudo o mais que se deseja controlar nesse tempo é irreal, para podermos ter um momento de nos situarmos nele. Como o meu filho não foi avisado que tudo não passava de uma fantasia, ele apenas procurou o que era real, ou seja, tudo aquilo que ele precisava para interagir e se divertir. Então, ele passou o tempo todo correndo de um lado para o outro, derrubando as bandeiras que estavam penduradas, comprou salgadinhos, refrigerantes, pulou e subiu nas escadarias da arquibancada, em fim, fez uma bagunça.
Até que dado momento ele simplesmente me pergunta:
- Pai; vamos embora?
Essa foi de matar. Eram trinta e dois minutos do primeiro tempo. O fato é que realmente o resultado do jogo não alterou em absolutamente nada em nossas vidas; ganhasse ou perdesse. Tivemos que sair do estádio cinco minutos antes do apito final, para não sofrermos empurrões ou dificuldades na saída pelas escadarias do estádio que dava acesso a rua. Depois tivemos que andar por cerca de quatro quadras a pé, onde o carro estava estacionado. Então, paguei o estacionamento e fomos embora para casa.
Em resumo, o que move as pessoas (torcedores) a sair de casa até o estádio ou assistir a uma partida pela televisão nada mais é que o sabor de viver uma grande fantasia dentro do imaginário de cada um. Puro entretenimento. (Antonio Mascareñas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário