sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ao vento que nunca teve vergonha




Uma dor insuportável, um remédio alucinógeno, um dia nublado, uma cidade mística.

Uma combinação nada agradável para enxergar a catarse.

Um poeta pergunta-me:

- Por favor, gosta de poesia?

- mas ou menos, lhe respondo;

- escolha uma página. Esse é o meu trabalho.

Escolhi a página e veio a poesia: Colar

Ele recitou:

COLAR

O colar é uma canção

que faço

Quando atravesso pérolas

Com um cordão que tenho



O cordão

É um dom

Que permita

Sem censura



O cordão

É uma entrega

Infinita

De amor e de amargura



A pérola é esta perda

De juízo

Que o cordão transporta.


- São dois livros, eu produzo e vendo-os assim.

- vou levar os dois.

- Que bom que apreciou.

Confesso que a principio o que me impressionou não foi sua poesia, mas sua coragem, sua força de produzir, de resistir a uma corrente humana de era das trevas, de um entrave, manipulação, estagnação, desestímulo, ou seja a não-poesia da vida.

E ele tava ali com uma coragem como está em um dos títulos de seu livro:

Ao vento que nunca teve vergonha.  

Ele me pergunta novamente:

- Posso lhe recitar outra?

- Claro.

Folheou o seu livro e recitou.



NESGUINHA

Não era meio dia ainda

E aquela avenida já nas sombras.

Algumas avenidas do centro

Nervoso  são mesmo assim

Com dias sombreados e noites ofuscantes.

Nelas o néon é mais intenso que o Sol

E sol mesmo só acima do sexto andar.

Uma nesguinha de sol, quase nada,

Iluminou o menino

Sentado do outro lado da calçada.

O menino e uma velha colcha por baixo em meio

Ao vaivém automático dos transeuntes espremidos pelos autos

Iluminados pelo filete de luz

Que vazou por entre o moderno

Banco japonês e o casarão antigo, hoje, imobiliária.

 Que cena.

Pena o menino não ser o fotógrafo nem diretor de cinema.

Para todos foi só coadjuvante, para mim, o astro da nesguinha.

E para ele, ele mesmo.



Eu falei:

- Eu tenho um blog, você me autoriza divulgar seu trabalho?

- Claro.

- Posso tirar uma foto sua com seu livro?

- Sim, muito obrigado por divulgar meu trabalho, vou acessar e vê depois.

Tiramos a foto.

Ele depois me fala:

- hoje é um dia diferente, tanta gente passando e não dando atenção e você além de comprar ainda quer divulgar. Isso é troca de energia.

Eu agradeci e concordei. Prometi divulgar seu trabalho e está aqui. Que a energia gerada naquele momento inspire outras pessoas a produzirem todas as formas de poesias e que não tenham vergonha de expô-las.

POR DETRÁS DA ÍRIS


Que fino fio separa

A lógica da loucura?

A cara sensata do sol

Do ventre envolvente da noite?

Que diferença há

Entre a solidão de antes do amor

E a dor após o fim do benfeitor?

Quando a supernova no céu se extingui

E nos parece sempre que foi cedo demais?



Afinal, o que há por detrás da íris?

Qual mundo lá existe?

Vai-se feliz?

Segue-se triste?


Não perguntes nada disso a quem passar amando.

Este, nunca te escutará.



Encerro com sua foto e a frase final do poema Por detrás da íris:

NÃO PERGUNTES NADA DISSO A QUEM PASSAR AMANDO, ESTE, NUNCA TE ESCUTARÁ.
contato com o Poeta para adquerir seus livros:
Email:seludi@hotmail.com
tel: (13) 3425-5734 Itanhaém SP
 Sérgio Luiz Dias