
Isso não seria uma pergunta pra conversa de botequim?
Depois de muitas cervejas e já quase em final de noite, depois da “saideira”, só pra instigar mais a conversa e pedir mais “uma”. Com essa desculpa esfarrapada pra demorar mais a conversa ficaria mais interessante e fútil possível à conversa?
Ou seria um congresso científico internacional discutindo as novas correntes filosóficas de pensamento decorrentes de diversas linhas de pesquisas acerca do pensamento do homem, sua evolução no planeta, as incertezas, os avanços que a tecnologia trouxe e acabou de empobrecer o homem no aspecto mais comum da sua evolução que é o pensamento? Pois bem, não foi. A conversa debate passou–se em uma academia de musculação.
Não só as baratas e o homem “intelectual” pensam. Nós que praticamos musculação ao contrário do que muitos falam e pré-julgam pesamos também. E a idéia que os praticantes de musculação são cérebros vazios que só pensam em bombas(esteróides anabolizantes), nutrição e “ferro”, também é lenda, pois usamos o nosso ócio encefálico pra discussões profundas.
Por mais irônicas e cômicas que sejam as indagações, pois surgiram em uma conversa de academia de musculação, não deixam de ser reflexões filosóficas.
Mas, e as cervejas? E as baratas?
Calma, uma coisa de cada vez! Se não vão pensar que estávamos bêbados!
A conversa partiu da questão democrática e liberdade de pensamento e expressividade na contemporaneidade. A necessidade da tolerância, à diversidade e também da adversidade entre os seres humanos em convivência em sociedade nos dias atuais e daqui pra frente.
Porque temos obrigação de salvar o planeta? Porque transformamos e construímos novos espaços? Porque temos que preservar para sobreviver e perpetuar a espécie? Até que ponto a tecnologia é útil ao que chamamos de “evolução” humana?
O homem é mesmo o centro do universo?
O impasse surgiu das respostas dadas. E não sobrou o homem nessa estória. Eis que surgiu a barata na conversa!
O que mais intrigou e ficou sem resposta, alias era o óbvio, é que não sabemos no “que” nos transformamos, e que fim leva o homem depois da morte biológica.
Partindo do pressuposto cientifico de que tudo se transforma, foi considerada a hipótese de uma forma de “energia”- uma coisa comparada à alma- que supostamente daria continuidade a vida após a “passagem”. Mas como seria a dimensão do que chamamos de vida? Enfim, a nossa famigerada “história” não teria significado?
Outra, sendo em outro estado bio-físico e químico não teria condição(pelo menos nos dias atuas) de saber o que seria “matéria” ou “espírito” nesse novo conceito ou visão com vida após a morte.
Ou seja, chegamos ao principio da incerteza. Isso não seria uma questão filosófica?
Mas e as baratas?
As baratas surgiram na conversa em contraponto a suposta inteligência humana e “evolução” desenvolvida no decorrer de sua existência no planeta e que é, às vezes, questionadas pela ignorância e destruição do semelhante e do próprio habitat.
O ponto de partida foi que nós humanos pensamos. Somos dotados de razão. E que a prática da razão necessariamente não se manifesta em todos os seres humanos. Ou seja, temos a ferramenta cerebral, mas necessariamente ela não é desenvolvida ou usada para determinados fins, como por exemplo, preservar o planeta. E que como os outros animais agimos por instintos em determinadas horas e por outras com a ferramenta da razão. E assim, dominamos o planeta e conseguimos preservar a espécie, diferentes de outros animais que entraram em extinção.
Só que as baratas e as bactérias estão, há bilhões de anos sobrevivendo e “evoluindo” sem a necessidade de transformação do espaço e consequentemente destruição do planeta. E que na visão humana não é dotada de inteligência, pois não pratica a “razão”, ou seja, não pensam como os humanos. Apesar de rezar a lenda que as baratas possuem sete cérebros e é capaz de pensar sete vezes antes de agir. Conseguem também perceber o perigo através de mudanças na corrente do ar à sua volta, pois elas possuem pequenos pelos nas costas que funcionam como sensores, informando à hora da fuga. Mesmo com todos esses mecanismos não são inteligentes, portanto não possuem razão do ponto de vista humano.
Segunda a wikipédia(um site de pesquisa na intrnet) Blattaria ou Blattodea é uma ordem de insetos cujos representantes são popularmente conhecidos como baratas. É um grupo cosmopolita, sendo que algumas espécies (menos de 1%) são consideradas como sinantrópicas. Dentre os principais problemas que as baratas podem ocasionar aos seres humanos está a atuação delas como vetores mecânicos de diversos patógenos(bactéria, fungos, protozoários, vermes e virus).
O registro fóssil mais antigo de uma barata é datado do período siluriano, há aproximadamente 400 milhões de anos. Ela é tão antiga quanto o homem em matéria de sobrevivência no planeta. Comparando as baratas de hoje com as do passado elas mudaram muito pouco, permanecendo como insetos não especializados.
Nós humanos evoluimos tanto que nos distinguimos da espécie dos macacos e ainda duvidamos dessa origem tão preconceituosa. Pois também somos mais inteligentes, evoluidos e civilizados que os primatas.
Nas baratas as mudanças ocorreram apenas na genitália da fêmea, com a redução do ovipositor, não sendo mais visível externamente; nos ovos, que passaram a ser colocados no interior de uma ooteca em vez de individualmente (em torno de 60 milhões de anos atrás), evitando a dessecação; e nas asas, que deixaram de ter como função principal o vôo e passaram a ser de proteção do abdome, com a redução das asas em alguns casos. A maioria das espécies é solitária, com algumas espécies apresentando habito gregário (exemplificadas pelas espécies domésticas), sendo Cryptocercus punctulatus considerada como uma espécie subsocial. Em geral apresentam hábito noturno (principalmente as de ambiente urbano), sendo que neste período procuram por alimento e parceiros(as) para o acasalamento, e realizam oviposição e dispersão. Durante o período diurno permanecem escondidas.
Pelo menos nisso nos comparamos as baratas já que a espécie humana evolui discretamente para o individualismo e para o desagregamento social. Como também para o pansexualismo e quisá a auto reprodução com características hemafroditas através de conquistas da ciência, da robótica e da engenharia genetica. No quesito comportamento nosso hábito é similar, pois a eletricidade favoreceu a vida noturna, principalmente no ambiente urbano. Acasalamento humano e compulsão alimentar são hábitos noturnos. Excesso de trabalho e sesta após as refeições são necessariamente atos diunos.
As baratas gastam 75% de seu tempo descansando, o homem trabalha e pensa(e ainda 70% deste tempo pensa errado, ou seja, sem razão).
As baratas urbanas são capazes de viver três dias sem água e dois meses sem comida. A especie humana não passa um dia sem tv, internet, cigarro, e por ai vai...
Em geral, o acasalamento entre as baratas se inicia com os machos sendo atraídos por feromônios sexuais emitidos pelas fêmeas( os humanos também possuiam num passado longinquo esses instintos avançados segundo alguns cientistas e perderam ao longo do tempo afastando-se do meio natural). Quando há o encontro, o casal inicia um contato físico por meio de uma intensa antenação. O macho eleva as asas, expondo uma glândula localizada na superfície dorsal do abdome, que secreta uma substância da qual a fêmea se alimenta. Enquanto a fêmea sobe no macho para se alimentar da substância, por baixo o macho tenta introduzir a sua genitália no da fêmea, para iniciar a cópula. Quando ambos estão ligados pelas genitálias, o macho vira-se 180º, e assumem a posição conhecida como “end-to-end”(não me perguntem a sigla em inglês, pois não fui pesquisar sobre isso também, e assim já era demais, né?). A cópula pode durar uma hora ou mais, e durante este processo o macho transfere o espermatóforo para a fêmea. Os espermatozóides são armazenados na espermateca, ficando ativos por um longo período. Não apenas estímulos químicos estão envolvidos no acasalamento, mas também sonoros como na espécie Nauphoeta cinerea, cujos machos estridulam durante o ato, emitindo sons de 60dB. Os machos e as fêmeas podem copular uma ou mais vezes. Isso não é melhor que a razão?
Na evolução humana a ciência criou artefatos e artificios para a cópula humana, pois no processo civilizatório a questão do tempo também ficou cruciau para espécie humana. O processo de acasalamento transfomou-se em produto, onde o consumo requer uma série de habilidades e performances que terão que ser supridas pelas modalidades sexuais(que diante da democracia será respeitada) e pelos estimulantes criados em laboratórios. Pois, para nós humanos evoluídos, às vezes, a cópula dura apenas segundos e apenas uma vez, dependendo do tempo e do espaço.
Das cerca de 4.000 espécies existentes e catalogadas, menos de 1% são consideradas como pragas urbanas. Apesar do ser humano ser fantástico e solidário no geral as pragas humanas também estão concentradas no espaço urbano civilizado, quanto aos números de espécies de pragas urbanas não há estudos específicos no assunto para os humanos.
A razão e a inteligencia humana dispendia tempo, trabalho e dinheido em busca da eliminaçõa da especie urbana das baratas, enquanto que nós humanos servimos de nossa razão como um prato cheio para sua sobrevivencia, principalmente através de livros e revistas jogados num canto qualquer do nosso habitat. Somente no EUA(grande potencia mundial) os gastos com medidas de controle contra as baratas giram em torno de US$ 1,5 bilhões por ano. Além disso, o preço de lançamento de um produto no mercado elevou-se de US$ 2 milhões em 1950 para US$ 300 milhões em 2000 segundo pesquisas.
Mas fica a pergunta por que treinamos, levantamos peso para preservar a saúde e manter a vida e consumimos cervejas pra fazer um efeito contrario? Seria um ato irracional?
Assim, as baratas são mais evoluídas e inteligentes que os humanos, pois não se rendem as leis do consumo, aos modismos estéticos contemporâneos e ao sofrimento desnecessário de questionamentos filosófico da razão e do viver.
Enfim, razão nos dá obrigação, tira a liberdade, nos exclui do próprio meio, da própria natureza.
Porque temos obrigação de salvar o planeta?
- Temos que salvar o planeta porque estamos fadados a destruí-lo com nossa ignorância, inteligência, sobrevivência e razão. As baratas não.
Porque transformamos e construímos novos espaços?
- Por que nossa própria inteligência nos escraviza as necessidades diárias e desejos fúteis.
Porque temos que preservar para sobreviver e perpetuar a espécie?
Por que não somos baratas, nós pensamos e nosso inimigo e predador principal é a própria espécie, através da concorrência e ganância.
Até que ponto a tecnologia é útil a “evolução” humana?
Vocês não iam achar que com todo esse discurso eu seria a favor das baratas e contra a tecnologia e ao computador que facilitou eu escrever esse texto inútil.
O homem é mesmo o centro do universo?
Claro, eu sou humano. Tomo cerveja, fala e penso besteira e vivo numa democracia. As baratas não. Elas são mais inteligentes do que o ser humano, do ponto de vista das baratas é claro. (Elivaldo Melo)